lugar de lijo

lugar de lijó

lugar de lijo
LUGAR DE LIJÓ – VILAR DE ANDORINHO – VILA NOVA DE GAIA

Às voltas por cá …

Lijó Quem passa na Estrada Nacional 222 em direção à Barragem Crestuma/Lever, antes de chegar a Avintes encontra no lado direito a povoação Vilarense de Lijó.

O topónimo Lijó merece alguma discussão, pois há quem diga que este deriva de Igrijo ou seja, do latim Eglesiola ou igreja. Temos uma freguesia concelhia que o seu nome provém deste termo, a atual Vila de Grijó.

Desconfia-se que perto do lugar da Cunha existiria um pequeno templo que dava abrigo aos peregrinos de Santiago de Compostela …

O único local “ religioso “ do lugar é um nicho a S. João Baptista, aqui chegou-se a realizar durante muitos anos as festas São Joaninas, a par do S. João da Serra, em Vilar de Andorinho.

Há outras opiniões quanto à origem do topónimo, Lijó vem de Alijó, devido a um seu antiquíssimo proprietário que tinha esse como seu nome, sendo de raiz medieval.

Esta localidade apesar de ter sido conhecida pelos seus fortes lavradores, como o Seixal, da rua da Torre, a Poceira, mulher rica por possuir em suas propriedades muitos poços de água necessária à lavoura e ao consumo próprio, ficou assim alcunhada … foi e ainda é recheada de muita floresta.

O parque Biológico nasce na sua fralda junto ao Febros naquilo que antigamente era conhecido pela Cunha e mesmo antes de ser rasgada a estrada nova de Avintes havia um caminho mais acima que penetrava no pinhal do Chasco e que vinha dar à Ponte Pedra e Menesas.

Nesta terra havia até bem pouco tempo uma disparidade social e económica, a parte norte mais abastada com vivendas e bons automóveis e a sul mais pobre, com ilhas e casas humildes, algo que a habitação social camarária pôs fim.

Da primitiva e única por muitos tempos a rua de Lijó, que dá continuidade à Água da Sombra, nasceram duas carregadas de história e de importância para o lugar e para a freguesia, a rua do Castelo e a das Arroteias.

Castelo é uma alusão por ventura à existência de um castro a que certamente a presença da mamoa de Lijó não lhe é estranha. De facto, o primeiro documento relativo a Vilar de Andorinho é de 1072 mas a existência da mamoa de Lijó leva-nos a uma ocupação pelo menos Neolítica.

As mamoas são também designadas por tumuli, eram erguidas com pedra e areia que formavam um monumento de forma oval. A sua técnica construtiva é bastante demonstrativa de como foi hábil a solução arquitetónica encontrada, com a intenção também de ser imensamente duradoura.

Mamoa veio com o vocabulário romano, a que chamaram inicialmente de mammulas, pela semelhança com os seios de mulher.

Podiam ter dimensões diversas podendo chegar aos 40 metros, nestes jazigos eram colocadas peças cerâmicas, adornos e alimentos para a grande viagem de quem partia …

No nosso país são raras e estão na generalidade dispostas em zonas planas, ou como em Lijó, em zonas fracas para a agricultura. A outra via é a das Arroteias, que vai dar à estrada nacional.
Entre o séc. XI e XII verificou-se um aumento da produção agrícola na Europa.

Este movimento produtivo ficou ligado a alguns fatores como a rotação de culturas de Primavera e Inverno, o uso de estrume, a inovação da charrua com relha de ferro, a introdução do cavalo nos trabalhos agrícolas, por motivos de maior rentabilidade, uns bons anos agrícolas e a paz no continente europeu.

Resultado mais importante foi o aumento da taxa de natalidade, se uma queda acarreta consequências, um aumento também, havia pois de matar a fome a mais bocas e logo a necessidade de mais terra para agricultar.

As novas arroteias foram pois uma vitória na extensão das áreas cultivadas. Os senhores do clero e leigos estavam muito interessados nesta nova conquista de terras até aí incultas que ficavam geralmente nas beiras das florestas ou zonas pantanosas.

Foram conhecidos três tipos de arroteamentos, primeiro, a simples extensão do terreno arável da aldeia usando para isso solos abandonados ou que apresentavam poucas condições para o labor, segundo, a construção de novas povoações e “ Vilas Novas “, terceiro, o agricultar novas terras aráveis com a celebração de um acordo entre o senhor e os novos habitantes.

Aqui, já contando com a economia do dinheiro dado que o proprietário queria chamar novos ocupantes e como é lógico mais pagamentos.

No caso de Lijó seria inserido no primeiro e terceiro tipo de arroteamento. O primeiro porque foi arroteado terreno na franja da floresta que descia do então castro antigo e o terceiro pois terá sido o tal Alijó, o senhor destas terras a quem coube chamar os novos habitantes.

A água para as práticas agrícolas do novo arroteamento encontrava-se relativamente perto, pelo rio Febros ou por pequenos fios de água, hoje certamente subterrâneos, um que enche um lavouro público e uma fonte.

Não será pois muito errado dizer que Lijó fez-se ganhando terra.